Você já reparou no poder das palavras para fazer bem ou mal? Consegue se lembrar de uma vez em que você foi desmontado por uma palavra “desgraçada”? Por outro lado, lembra-se de alguma vez em que alguém falou uma palavra de encorajamento que mudou toda a sua perspectiva de uma situação?
Escrevi este artigo – ou melhor, adaptei do meu original, tendo por base o Livro de Provérbios, na Bíblia – no ano de 2005. Intencionalmente, escrevi para mim mesmo. Depois, para pessoas que precisam se comunicar melhor. Ele não é do tipo auto-ajuda. Sim, um auxílio para quem enfrenta problemas de relacionamento conjugal, familiar, pessoal ou profissional, onde a má comunicação está levando ao ponto de se desconsiderar qualquer possibilidade de uma conversa adulta e pacífica.
Será que é utópico sonhar com relacionamentos onde, em vez de ira e incompreensão, haja entendimento, paz, alegria e satisfação?
Você bem sabe que na vida, muitas vezes, os sonhos se tornam realidade. Como os sonhos são abstratos, requer-se muito esforço e atitude para se tornarem fato. Sair de uma realidade difícil e conturbada, para uma pacífica e alegre, vai exigir esforços sim. Mas, quem não tentaria escalar a montanha mais alta se soubesse que em seu cume repousa seu maior objeto de desejo? Antes de qualquer coisa, quero enfatizar que estas leis são nada mais que o resultado da minha própria busca por uma comunicação viva e eficaz. Obviamente, ainda não dominei o assunto. Mas, já encontrei o caminho. Ao qualificar a comunicação “viva”, deixo clara a outra possibilidade, morta.
Uma comunicação viva é aquela que flui. Naturalmente, gera vida.
Tenho empreendido minha vida em uma séria tentativa de aprender as Oito Leis da Comunicação. Confesso minhas constantes falhas. Claro, estas falhas também trazem seus resultados – para o bem e para o mal. Para o bem quando se aprende com os erros. Para o mal quando os mesmos são ignorados. Elas não são um mero conjunto de regras. Elas permearão o coração no dia a dia, dia após dia. Também servirão de contraste aos cainhos – por vezes, destrutivos do coração.
Antes de continuar com a leitura, preciso lançar um desafio a você, leitor: você deseja realmente comunicar-se melhor? Por quê? Quem deseja comunicar e melhorar a sintonia? Você compreende que vai precisar trabalhar em mudanças em você mesmo(a)? Está pronto?
Então, mãos à obra! Escreva ou memorize os nomes e rostos destas pessoas para que você mantenha-as vivas em seu coração e mente enquanto vai avançando a leitura. Procure lembrar e comparar eventos onde a comunicação falhou.
Se quiser baixar o livro completo… ao final de cada capítulo foram, propositalmente, resumidos os pontos críticos. Logo após isto, um breve estudo de caso acompanhado de algumas perguntas. A intenção é que você adquira o máximo de cada lei, reflita e aplique em sua própria vida enquanto reflete sobre o problema de outra pessoa – no caso, fictícia. Baixe, gratuitamente, o livro no link no final do artigo.
Mais uma coisa… está é uma obra idônea. Nenhum fato, nome ou evento foi extraído da vida real. Contudo, reconheço, às vezes veremos descritas algumas das realidades muito parecidas com a nossa. Não se assuste. São apenas situações muito corriqueiras, que qualquer pessoa com problemas de má comunicação enfrenta.
Desfrute!
1. DIGA NÃO À DISCUSSÃO
“Discussão é a incrível arte de desconsiderar completamente os valores muito maiores que estão em jogo, enquanto se tenta estabelecer a improvável infalibilidade própria.”
Preciso definir o uso da palavra “discussão” aqui. É claro que, não me refiro àquelas adoráveis conversas para definir onde serão empreendidas as próximas férias da família. Também não, as reuniões comerciais que tratam os detalhes de um novo contrato. Mas, àquelas do tipo bate-boca, cheias de ira, impaciência e exaltação. Aquelas que, mesmo quando cheias de boas intenções, terminam em sofrimento.
Nada tem o poder de desgastar lenta e tão profundamente um relacionamento como a discussão constante. Os poetas e músicos, às vezes, tentam mostrar que brigar é até bom, levando consideração a alegre emoção da reconciliação. Uma bobagem como esta só pode ser considerada por quem nunca foi brutalmente afetado pela dor e sofrimento da discussão sem solução. As pessoas saem delas muitas vezes sem ânimo para buscar uma reconciliação. Em verdade, muitos preferem o apartar definitivo.
Isso não está certo. Contudo, a maioria de nós nem se dá conta da perda que vai sofrer, ao entrar em uma discussão.
2. CONFRONTE COM AMOR
“Confrontar é, por si só, um ato de amor. Assim, fazê-lo por qualquer outro motivo que seja, simplesmente, foge-lhe ao propósito”
O Aurélio define confronto como estar de fronte, limitar- se, fazer fronteira, etc. Tudo indica que a idéia matriz é afrontar ou encarar. Confrontar, em seu significado espiritual, é justamente o oposto ao mundano, buscando esclarecimento para o concílio.
Uma situação de discussão, via de regra, é uma situação embaraçosa – pode-se perder dia por isso. Contudo, temos que fazer o que temos de fazer. Não confrontar com ira, não tentar humilhar, nem tirar proveito próprio da situação.
Esta é uma grande prova da coragem. Mas, também uma grande prova de amor.
3. DISPONHA-SE A OUVIR
“As pessoas não conversam mais. Se não conversam, não sabem falar, não sabem ouvir.”
Como mentor, já vivenciei o caso acima, muitas vezes. APessoas querem conversar sobre seus problemas, buscando conselhos para tomar decisões, etc. Mas, na maioria das vezes, é preciso dizer muito pouco. O que elas precisam quase desesperadamente é ser ouvidas.
Ora, não é à toa que os psicólogos e terapeutas estão cada vez com mais clientes – e ricos também! Há serviços de plantão telefônico, vinte e quatro horas por dia, para ouvir pessoas solitárias ou deprimidas que querem apenas conversar. Pergunte a qualquer dona de casa sobre o que ela pensa ser mais importante para a boa manutenção do seu relacionamento conjugal. Você vai se surpreender com a resposta. Adivinhe… que o marido converse mais com ela!!! É claro que isso não é uma regra, mas a estatística realmente atende a expectativa.
Mas, muitos nem sequer consideram a possibilidade de ouvir, mas já passam a julgamentos precipitados, descarregando julgamento e ira. Como resultado, colhem um sentimento de amargura e tristeza da parte do ferido – o que pode durar muito tempo para sarar.
4. FALE COM SABEDORIA
“Falar é uma capacidade humana que, normalmente, expressa três faces bem distintas: verdades do coração, mentiras da mente ou loucuras da alma. A maneira como cada um as utiliza define automaticamente quais prováveis resultados serão alcançados”
Uma das características humanas mais incríveis é a capacidade de falar (i.e., observar, pensar e expressar). É claro que outras criaturas possuem a habilidade de comunicar-se também. Por exemplo, um cisne pode arensar para avisar sua presença. O javali vai arruar quando faminto. Ou, ainda, na primavera, a araponga pode martelar por horas tentando chamar a atenção de um par perfeito.
Contudo, quando usamos aqui o verbo falar não significamo- lo produzir ruídos ou sons. Sim, efetivar comunicação. Há um conjunto sendo formado: intensão, conteúdo, forma, duração, expectativa. É difícil pensar em tudo isto antes de iniciar uma conversa, quando as coisas já estão difíceis. Mas, aí está a sabedoria. Pensar, considerar, fazer um plano, programar o resultado. Seja sábio. Invista na sabedoria!
5. RESPONDA SEM SER PRETENCIOSO
“A vaidade, no seu último degrau, recebe o nome de pretensão. Na verdade, o pretensioso é justamente o contrário do modesto”
Modéstia é uma palavra fora de moda. Na verdade, comedimento é a última coisa a se esperar ver apregoado nas novelas e seriados da TV. Equilíbrio é coisa para gente limitada, sem coragem para viver a vida, dizem. Moderação e prudência são para os fracos – i.e., para os covardes. Já imaginou o mocinho dos filmes, na hora de salvar a garota, pedir a ela para colocar o sinto de segurança, apesar de decidido a nunca ultrapassar o limite de 80 quilômetros por hora?
Modéstia, pudor, compostura, e uma outra infinidade de palavras como estas, já são quase palavrões para as gerações mais novas. Ao menos – para não correr o risco de exagerar – é razão para chacota. Se você leu estas palavras e concordou, ainda que em partes, pode também concordar que a pretensão já invadiu nossas vidas. Às vezes, recebendo-a involuntariamente. Às vezes, praticando-a voluntariamente.
Pretensão é vaidade extremada. Não seja um pretencioso!
6. EVITE LEVAR TUDO TÃO A SÉRIO
“Para não levar tudo tão a sério, é necessário ser paciente. “
Paciência é formada por três faces: estabilidade, constância, tolerância.
Quem é estável e constante é quem não fica mudando – neste caso, hora calmo, hora irritado. É alguém que consegue manter uma postura equilibrada frente a qualquer situação. O tolerante é aquele que consegue performar um dos atributos mais magníficos: a longanimidade – entenda-se longo ânimo.
Para ser paciente precisaremos aprender suportar o ofensor. É claro que isso não é a coisa mais fácil do mundo para fazer, quando alguém está “pisando no seu calo”. Mas, se você busca se relacionar e comunicar melhor, razão pela qual imagino que está lendo este artigo, terá de aceitar e praticar esta verdade.
7. NÃO PAGUE NA MESMA MOEDA
“Pagar com a mesma moeda significa vingar-se. Quem decide punir ao outro com a mesma maldade recebida satisfaz ao seu próprio desejo e padrão de justiça.”
A vingança é um dos piores sentimentos humanos. Ela foi tema para os mirabolantes personagens da obra de William Shakespeare – assim como apara as tramas das novelas do horário nobre da televisão. Por que a vingança dá tanto “ibope” assim?Porque ela exige um plano para satisfazer-se. Para retribuir um mal sofrido será preciso ocasião, motivo, objetos ou palavras específicas. Entenda, o desejo de fazer justiça leva à obstinação. Há pessoas que empregarão a vida nisso. Quantos filmes já assistimos onde a vingança é a razão de um imenso empenho.
Neste sentido, nunca permita que sua vida imite a arte.
8. ARREPENDA-SE, PEÇA PERDÃO E NÃO FAÇA MAIS
“O arrependido olha para fora, busca reparar a ofensa ou dor causada. Nunca pensa, primeiramente, em si, ou nos privilégios que perdeu.”
Temos que tomar o cuidado de não confundir arrependimento e remorso. Acredito que a maioria das pessoas sente bastante remorso após suas “mancadas”. Vamos deixar bem claro a diferença entre as duas coisas: arrependimento tem a ver com o olhar externo, o remorso com o interno.
- O arrependimento olha para a pessoa ferida, o remorso olha para si mesmo.
- O arrependimento quer reparar o sofrimento causado. O remorso que recuperar o privilégio perdido.
- O arrependimento quer recompensar as perdas causadas. O remorso quer garantir o ganho próprio.
- O arrependimento quer a amizade do ofendido, o remorso os benefícios.
Se você ofendeu alguém, reconheça que a feriu. Se possível, verbalize que sabe disto e não acha que o que fez está correto. Antes, sabe que fez mal e se tivesse oportunidade, voltaria no tempo e nunca teria feito. E, se você foi ofendido por alguém, lembre-se que também ofende outros. Não construa um muro tão alto que não possa mais ser transposto.
A ideia de arrependimento e perdão é consertar as coisas.
Sucesso!